Outro dia estava com a música dos pôneis malditos na cabeça e não conseguia parar de cantar. Se você conhece, deve saber que tem uma parte na musiquinha que fala assim: “Odeio barro, odeio lama. Que nojinho! Não vou sair do lugar!” Enquanto cantarolava esse trecho, lembrava do dia que eu tomei banho de açude no Cariri.
Deixa-me explicar. Em 2008, ainda estava na faculdade de Geografia e decidi cursar a disciplina Paleontologia, do curso de Geologia. Nesta disciplina, nós fizemos um trabalho de campo bem legal, pelo sertão nordestino. Ficamos duas semanas viajando de ônibus por lugares que eu jamais imaginaria conhecer. Dentre eles, fomos pra região do Cariri, no Ceará, mais especificamente pra cidade do Crato, vizinha de Juazeiro do Norte (onde tem a peregrinação do Padinho Padi Ciço). Fomos pra lá quebrar pedra pra catar fósseis.
Num belo dia de sol forte em um local de mineração de calcário, um minerador local falou pra turma que tinha um açude ali por perto. Então fomos nós, de calça jeans, mergulhar na água parada, porém limpa, do açude. O que seria um momento delicioso por causa do calor sertanejo-cearense transformou-se numa agonia, para mim, por um único motivo: o chão do açude era de lama (lógico!) e eu fiquei com muito nojinho de pisar ali. Logo que adentrei, senti uma pedrinha e me instalei sobre ela. Fiquei parada igual a um “dois de paus” (WTF???) todo tempo que estava ali. A galera nadava, ia dum lado pro outro, mas eu fiquei ali, parada, em cima da pedrinha.
Enquanto estava sob efeito da maldição dos pôneis, cantando a musiquinha irritante e lembrando do trabalho de campo de 2008, pensei: vou blogar sobre a minha viagem pelo sertão. Sendo assim, aqui se inicia uma pequena série de postagens, nas quais vou tentar mostrar pro mundo um pouco do sertão que vi. Vou falar um pouquinho das minhas impressões sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara – no Piauí –, sobre a região do Cariri – no Ceará – e sobre o que vi do sertão baiano em Canudos. Confesso que estas postagens serão mais pra mim mesma que pra qualquer outra pessoa, pois me permitirão lembrar de momentos fantásticos que vivi.
Se comecei mencionando os bizarros pôneis malditos, termino citando o gênio-louco Geraldo Vandré: “Prepare o seu coração para as coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão…”